segunda-feira, 23 de maio de 2011

DA MULTI À TRANSDISCIPLINARIDADE

MULTIDISCIPLINARIDADE – termo que pode ser utilizado quando da integração de diferentes conteúdos de uma mesma disciplina. Neste caso podemos citar o professor de ciências que trata dos temas água, ar e solo de forma a integrá-los no contexto, por exemplo, do meio ambiente, não tratando cada um dos três conteúdos de forma estanque e compartimentada. Outra possibilidade seria a justaposição de diferentes conteúdos de disciplinas distintas, porém sem nenhuma preocupação de integração, desta forma cada disciplina teria objetivos próprios.

PLURIDISCIPLINARIDADE – apresenta sinais de uma pequena cooperação entre as diferentes disciplinas, mas mantém objetivos distintos. Um exemplo típico é quando todos estão trabalhando com o mesmo tema: COPA DO MUNDO, sem integrá-lo. Nesta prática não existe uma coordenação; as possíveis e raras cooperações ocorrem de forma intuitiva. Nenhuma das disciplinas “empresta” para outra seus “diferentes saberes”; o conhecimento não foi integrado.
Mesmo trabalhando com um tema único, ele não foi unificador. Não foi possível demonstrar aos alunos as relações existentes entre as diferentes áreas do conhecimento, elas continuaram a ser tratadas de forma compartimentada. Eventualmente, neste tipo de trabalho pode ocorrer alguma “troca” até pela própria força exercida pelo tema único, mas esta não chegará a um nível de real integração e fusão de diferentes conhecimentos.

INTERDISCIPLINARIDADE – neste caso a tônica é o trabalho de integração das diferentes áreas do conhecimento, um real trabalho de cooperação e troca, aberto ao diálogo e ao planejamento. As diferentes disciplinas não aparecem de forma fragmentada e compartimentada, pois a problemática em questão é conduzida à unificação.

Em se tratando da distinção dos três casos até aqui abordados, podemos exemplificá-la:

“... interdisciplinaridade se caracteriza pela intensidade das trocas entre os especialistas e pelo grau de integração real das disciplinas, no interior de um projeto específico de pesquisa. A distinção entre as duas primeiras formas de colaboração e a terceira está em que o caráter do multi e do pluridisciplinar de uma pesquisa não implica outra coisa senão o apelo aos especialistas de duas ou mais disciplinas: basta que se justaponham aos resultados de seus trabalhos, não havendo integração conceitual, metodológica, etc. Por outro lado, podemos retomar essa distinção ao fixarmos as exigências do conhecimento interdisciplinar para além do simples monólogo de especialistas ou do “diálogo paralelo” entre dois dentre eles, pertencendo a disciplinas vizinhas.” (JAPIASSU, Hilton, 1976, p.74)


TRANSDISCIPLINARIDADE – no momento histórico em que não conseguimos dar conta da interdisciplinaridade, a transdisciplinaridade parece utopia, já que as relações não seriam apenas de integração das diferentes disciplinas, pois iriam muito além, propondo um sistema sem fronteiras, em que a integração chegou a um nível tão alto que é impossível distinguir onde começa e onde termina uma disciplina.
“O nível transdisciplinar seria o mais alto das relações iniciais nos níveis multi, pluri e interdisciplinares. Além de se tratar de uma utopia, apresenta uma incoerência básica, pois a própria idéia de uma transcendência pressupõe uma instância científica que imponha sua autoridade às demais, e esse caráter impositivo da transdisciplinaridade negaria a possibilidade do diálogo, condição sine qua non para o exercício efetivo da interdisciplinaridade.” (FAZENDA, 1995, p.31)


REFERÊNCIA: Referência: NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. 7. ed. São Paulo: Èrica, 2007. Pág. 124 a 130. ORG. Lindinalva Queiroz - FACOL

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